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No seguimento da consulta pública da ANACOM no âmbito da Conectividade Digital, a 28 de dezembro, foi publicada no Diário da República a Estratégia Nacional para a Conectividade em Redes de Comunicações eletrónicas de Capacidade Muito Elevada (Estratégia) para o período 2023-2030, aprovada pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 139/2022.
As redes de comunicações eletrónicas, em particular, as redes de capacidade muito elevada, são fundamentais para a satisfação de necessidades básicas dos cidadãos e para o crescimento e transformação da atividade económica do país. No entanto, existem ainda várias áreas do território português que não estão cobertas por redes de comunicações eletrónicas de capacidade muito elevada, e que, portanto, enfrentam uma divergência no desenvolvimento económico e tecnológico em relação a outras áreas.
Neste contexto, o objetivo da Estratégia é garantir a cobertura, antes de 2030, de todos os agregados familiares por uma rede Gigabit, em linha com os objetivos traçados a nível europeu.
Embora a cobertura de Redes de Capacidade Muito Elevada ou Very High Capacity Networks (VHCN) tenha aumentado progressivamente, os investimentos privados têm-se centrados nos grandes aglomerados populacionais e áreas adjacentes. Desde logo, a iniciativa privada por si só não é suficiente para preencher a lacuna de cobertura de redes VHCN, e eliminar as assimetrias regionais no território em termos de conectividade. Assim, existem áreas do território, tanto no continente como nas regiões autónomas, que ainda não estão cobertas por redes VHCN e que, nessa medida, ainda não beneficiam da gama de serviços disponibilizados através destas redes (“áreas brancas”).
Estas zonas não são atraem investimentos privados por si só, o que foi igualmente confirmado pelos resultados da consulta pública da ANACOM no âmbito dos investimentos planeados pelos operadores que atuam no sector. Nesse sentido, entende o Governo que as falhas de mercado em termos de falta de cobertura destas redes só podem ser colmatadas através de intervenção pública, complementada com investimento privado, sob a forma de assistência financeira para a instalação, gestão, funcionamento e manutenção das redes VHCN.
É, portanto, prioridade do Governo resolver imediatamente esta falha de mercado, garantindo o acesso de toda a população a VHCN, e assegurando a cobertura de todas as casas em Portugal por uma rede Gigabit até 2030.
O investimento nestas áreas pode ser prosseguido através de diferentes opções em termos de tecnologia, topologia, apoio e investimento em redes de comunicações eletrónicas, num modelo de cobertura equilibrada entre redes móveis e fixas, baseado na neutralidade tecnológica.
Por sua vez, pretende-se que o financiamento seja assegurado por (i) fontes de financiamento privadas, onde os investimentos podem ser implementados em condições de mercado; e por (ii) fundos públicos, onde as falhas de mercado podem levar à exclusão das famílias e empresas do acesso de qualidade à Internet. Este investimento público é, nas "áreas brancas", complementar ao investimento privado.
No que diz respeito às fontes, o financiamento público será proveniente de fundos nacionais e europeus, nomeadamente o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional que, ao abrigo do Portugal 2030, prevê apoiar investimentos em conectividade digital através dos Programas Regionais. O financiamento público nas áreas brancas é a grande prioridade, devido à necessidade de aumentar o interesse dos operadores em cobrir estas áreas.
No âmbito da Estratégia aprovada, o Governo deve, até janeiro de 2023, apresentar aos membros do Governo responsáveis pelas áreas de digitalização, infraestrutura e desenvolvimento regional, as propostas para o caderno de encargos relativo aos procedimentos de concurso para a instalação, operação e manutenção de redes de CME nas "áreas brancas".
As propostas, a elaborar pela ANACOM devem, nomeadamente:
A visão do Governo é a de que a intervenção pública destinada à instalação de redes de muito elevada capacidade "áreas brancas" é uma medida proporcional e limitada ao mínimo necessário para atingir o objetivo de promover a equidade e a coesão territorial no acesso a uma infraestrutura essencial para os cidadãos e para as necessidades de natureza empresarial.
O Governo também considera essencial garantir este financiamento, uma vez que estas áreas ainda têm níveis inadequados de acesso aos serviços digitais e enfrentam uma lacuna no desenvolvimento económico e na competitividade em comparação com as regiões mais desenvolvidas.
No entanto, é também expectativa do Governo que os privados demonstrem interesse em contribuir para a tarefa fundamental de garantir o acesso dos cidadãos a comunicações de qualidade, sendo que o âmbito do concurso a lançar será internacional, de modo a atrair igualmente investimento estrangeiro no país para a prossecução de tal tarefa.