A Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) iniciou uma consulta pública sobre as propostas de alteração ao Regulamento de Acesso e Exercício de Atividades Espaciais.
Consulta sobre o Regulamento de Acesso e Exercício de Atividades Espaciais
Após a recente aprovação do Decreto-Lei n.º 20/2024, no final de julho de 2024, a Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) iniciou uma consulta pública sobre as propostas de alteração ao Regulamento de Acesso e Exercício de Atividades Espaciais (disponível aqui).
As propostas de alteração ao Regulamento n.º 697/2019 estarão abertas a comentários públicos até 6 de setembro de 2024.
O objetivo do documento em consulta é alinhar o quadro legal das atividades espaciais com as novas tendências e exigências do mercado interno comum. Nesse sentido, a ANACOM quer ouvir o mercado sobre as propostas de atualização do Regulamento n.º 697/2019.
As principais alterações propostas incluem:
Estas mudanças refletem as atualizações significativas trazidas pelo Decreto-Lei n.º 20/2024 em relação ao regime jurídico das atividades espaciais em Portugal. Entre as novidades está a criação de um regime nacional para licenciamento de centros de lançamento, visando ir ao encontro da crescente procura por estas instalações e do interesse europeu no acesso ao espaço. Pretende-se assim desenvolver um regime que garanta segurança e proteja interesses estratégicos nacionais, permitindo que entidades privadas estabeleçam e operem centros de lançamento. Esta flexibilidade pretende estimular a inovação e alinhar-se com as melhores práticas globais.
As Orientações Estratégicas da ANACOM e o sector espacial
A consulta pública supracitada está em consonância com a visão estratégica da ANACOM para o período 2025-2027, especialmente no setor espacial, também sob consulta pública até 6 de setembro
de 2024 (consultar aqui), que destaca o compromisso da ANACOM com o desenvolvimento dos ecossistemas digital e espacial.
Os principais objetivos da ANACOM no ecossistema espacial são:
As alterações propostas ao Regulamento n.º 697/2019 parecem, pois, essenciais para atingir os objetivos estratégicos da ANACOM para 2025-2027, criando um ambiente regulatório que incentive a inovação e amplie o acesso ao mercado espacial.
Implicações do reforço de competências do papel da ANACOM no sector espacial
Desde a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 16/2019, a ANACOM assumiu provisoriamente as funções de Autoridade Espacial até que fosse criada uma entidade específica. Cinco anos depois, ainda não foi criada uma Autoridade Espacial formal, o que resultou na continuidade do papel transitório da ANACOM como entidade competente para estas matérias.
O reforço das funções da ANACOM como Autoridade Espacial poderá ter um impacto significativo na regulação, inovação, desenvolvimento económico e posicionamento de Portugal no setor espacial global.
Contudo, e sem prejuízo de esta expansão de funções poder contribuir para atrair investimento, promover a inovação e fortalecer o desenvolvimento tecnológico do setor espacial português, importa que seja obtida a solução mais equilibrada, considerando as especificidades do setor. Neste quadro, importará destacar alguns dos desafios que emergem do reforço de responsabilidades da ANACOM, e que terão potencial impacto na sua atuação futura:
Como equacionar o futuro?
Num momento em que a ANACOM se prepara para assumir um papel central na regulação do setor espacial, é crucial reconhecer as vantagens desta estratégia.
Com vasta experiência em comunicações eletrónicas e histórico comprovado em gestão regulatória complexa, a ANACOM está bem posicionada para supervisionar a integração das atividades espaciais no contexto nacional. As sinergias entre a regulação das comunicações eletrónicas e do espaço podem criar um ecossistema inovador e coeso, permitindo a liderança de Portugal em algumas áreas da tecnologia espacial.
No entanto, ao prosseguir este objetivo estratégico, o desafio que se colocará à ANACOM será o de garantir que consegue dotar-se dos recursos e conhecimentos especializados necessários para a manutenção de padrões regulatórios de qualidade. Pode a estratégia que a ANACOM se propõe prosseguir contribuir para fortalecer a posição de Portugal em ambos os setores, criando uma vantagem competitiva num mercado global em rápida evolução? Este é um momento crucial para a ANACOM e o sucesso deste novo alinhamento estratégico pode servir como modelo para outros países que optem pela convergência da regulação das comunicações eletrónicas e atividades espaciais.